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Qual fé é suficiente para salvar?



https://youtu.be/RCHwgEta81M

Você entende que a salvação é pela fé em Jesus e que basta crer para ser salvo. Mas parece que sua dúvida está mais na questão da qualidade dessa fé, já que nem todas as pessoas têm um entendimento claro da obra de Cristo ou da suficiência de crer para ser salvo independente de obras.

Quem crê está salvo, independente do tamanho de sua fé ou da qualidade dela. A resposta do cego curado é interessante: "Se ele (Jesus) é pecador, eu não sei; uma coisa eu sei, é que era cego e agora vejo". Só depois ele foi conhecer melhor quem era o que havia curado.

Não existe um grau de fé que você possa considerar mais ou menos salvadora, porque o que salva não é a fé ou sua qualidade, mas a obra de Cristo. Eu fui católico durante um ano e sabia que estava salvo, muito embora exista uma carga de ensino no catolicismo misturando fé e obras como condição para a salvação. Obviamente eu tinha me convertido a Cristo, mas não tinha nem um pouco o entendimento que tenho hoje.

É difícil generalizar dizendo que os católicos ou qualquer grupo crêem em "fé + obras", porque ninguém conhece a fé individual, só Deus. Mesmo em um grupo onde seja ensinada a salvação por "fé + obras" há pessoas que realmente crêem em Cristo por se considerarem indignas de serem salvas por seus próprios méritos ou incapazes de fazer obras suficientes para sua salvação.

Creio que muitos católicos estejam salvos e se você pedir a algum deles para explicar exatamente a razão, ele nem saberá responder. Há muitos "evangélicos" que também acrescentam coisas à salvação, como ter algum dom ou manifestação sobrenatural, vestir-se assim ou assado, ser batizado e várias outras coisas que os colocam em pé de igualdade com qualquer crença de "fé + obras".

Veja a questão da segurança da salvação, ou seja, do crente não perder a salvação depois de ser salvo. A maioria das pessoas não acredita assim porque não se deram conta de que elas próprias não creram de vontade própria, mas por terem sido objeto de uma intervenção divina. Ninguém crê por si mesmo. É uma obra de Deus. A certeza da Salvação é um privilégio que só entendemos quando percebemos que nem o novo nascimento dependeu de nós (já viu um bebê nascer de vontade própria?), mas de Deus.

É claro que essas doutrinas mescladas, que incluem obras para salvar ou para manter alguém salvo, que ensinadas tanto no catolicismo como no protestantismo, em especial nas suas vertentes pentecostais, acaba desfigurando a pura doutrina da salvação pela fé somente. Mas não é só isso que desfigura a doutrina.

Se eu acreditar que preciso pertencer a alguma religião ou denominação como parte da vida cristã, estou também dizendo que Cristo, que considerei suficiente para minha salvação, não é suficiente como único Nome sob ou qual eu devo me congregar ou com o qual eu devo ser identificado como quem creu. Qualquer inserção de elementos humanos na conversão e na vida de adoração cristã é uma desonra para Aquele que é suficiente para salvar e para congregar os Seus.

Em toda a Bíblia vemos casos de pessoas que creram, muito embora não tivessem uma fé perfeita ou como manda o figurino. Naamã converteu-se ao Deus vivo, porém pediu que Deus não olhasse quando ele tivesse que entrar com o seu rei (o patrão) no templo do deus deles. Elias se achava o tal porque Deus o usou de maneira maravilhosa, e considerava-se único, até ouvir de Deus que havia 700 pessoas que não tinham dobrado seus joelhos aos ídolos.

Nicodemos vai encontrar-se com Jesus à noite, com medo dos outros principais dos judeus, depois defende o Senhor diante dos principais judeus e, quando até os discípulos tinham caído fora, vai lá requisitar o corpo de Jesus, uma coragem que poucos teriam, já que era expor-se demais. E não ouvimos falar de José de Arimatéia ao longo de todo o evangelho, todavia seu nome brilha numa hora crítica como aquela. Deus sempre traz surpresas, portanto não devemos julgar pelas aparências.

Portanto, não cabe a nós julgar a qualidade da fé de cada um, como também não cabe a nós dizer o que acontece com quem parte deste mundo, cabe a Deus. Se a salvação dependesse da precisão da fé ou qualidade de minha crença, então nenhum de nós irá jamais ser salvo, porque jamais seremos capazes de entender toda a verdade, nem aqui, nem no céu. Há coisas que sempre estarão fora do alcance do homem, que vive agora sob este céu e vai viver no terceiro céu, porque estão "acima de todos os céus". A Verdade é Cristo, e jamais esgotaremos o que há para ser conhecido dEle. No final de João diz que nem o mundo todo poderia conter todos os livros, caso fosse escrito tudo o que Jesus fez. Sua obra é tão infinita quanto Ele.

Às vezes uma compreensão que nos pareça correta é, na verdade, fruto de um conjunto de fatores culturais. Como seria salvo alguém que não teve acesso a esses mesmos fatores culturais? Um missionário, ao traduzir os evangelhos para uma tribo na Amazônia, descobriu que não havia a palavra "fé" no vocabulário dos índios, e nem alguma palavra parecida. Então ele usou para "fé" o termo que eles usavam para "pendurar a rede". É que, à noite, nas ocas, eles penduravam suas redes nos troncos que sustentavam a enorme oca, e faziam isso bem no alto, para evitar o ataque de animais. Se o tronco ou a amarra não fosse firme, eles caíam e podiam morrer. Então "amarrar a rede em Jesus" significava crer que Ele era firme para nos livrar da morte. Assim os índios entenderam.

Outro, para explicar a passagem da casa construída sobre a rocha, precisou mudar para a casa construída sobre a areia, porque os índios achavam que alguém que construísse sobre a rocha seria tolo. O certo era construir sobre a areia, onde era possível fincar os paus da choupana.

Como pode ver, não é tão simples afirmar que alguém seja salvo ou não por uma generalização do que é pregado no meio onde frequenta ou da precisão de seu entendimento da obra de Cristo. Os pentecostais crêem que você é salvo pela fé, mas conserva-se salvo pelas obras (se cair, perde), o que é tão errado quanto dizer que a salvação é por fé e obras. Mas quem poderá dizer que alguém ali não será salvo porque não creu segundo uma definição precisa de fé?

Conheci um homem que foi um devasso toda a vida. No leito de morte, quando desesperou-se com sua situação, foi dito a ele que pedisse para Jesus salvá-lo. Esse homem morreu chamando pelo nome de Jesus. Quanto ele entendia da fé ensinada na Bíblia, da obra de Cristo na cruz, ou da Bíblia? Zero. Agora, que Deus iria deixar de salvar alguém que, na hora da morte, chama pelo nome de Jesus? Ou que diz "Senhor, lembra-te de mim"? Para qualquer um desses o Senhor tem a mesma palavra: "Hoje mesmo estarás comigo".

Enfim, não é o quanto sabemos de Cristo, o quanto cremos nEle, o quanto de confusão ou falta dela que fazemos com as doutrinas bíblicas que pesam na salvação, mas o fato -- bendito fato! -- de que Deus quer salvar. E se Ele quiser salvar alguém que foi até mesmo um herege (e Paulo foi um que perseguiu o Senhor), Ele dará a essa pessoa ainda que seja um átomo da fé suficiente para levar à salvação por meio da obra de Cristo. Muitos ficarão surpresos quando se virem no céu, porque não entenderam exatamente o processo para chegarem ali. Simplesmente clamaram pelo nome de Jesus e foram salvos.

Se acreditarmos que nossa capacidade de entender e de exercer uma fé de qualidade (livre de erros) no Senhor tem peso na salvação, estaremos dizendo que existe algum tipo de obra, no caso intelectual, inserida no processo. Evidentemente que, se alguém quiser saber o que precisa fazer para salvar, irei dizer que ele precisa crer. Mas, algo que ele irá descobrir só depois de crer, será que até mesmo o crer não partiu dele, mas foi um resultado da obra de um Deus que quis salvá-lo.

Leia "O que é o novo nascimento?"
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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